Em 1959 –
quase duas décadas depois de ter publicado as Cartas de um Diabo a seu Aprendiz – o próprio C.S. Lewis retomou o
tema acrescentando um novo cenário às Cartas onde o diabo escritor, agora sendo
saudado numa Academia de Treinamento de Tentadores, propõe um brinde (e ainda
hoje a maioria das edições, inclusive a que li agora, publica em conjunto).
No discurso
em que o Maldanado (no original é Screwtape) responde à saudação que lhe é feita e
propõe um brinde em retribuição às honrarias, ele faz um breve inventário de
suas ações tentadoras no "setor inglês" e se esforça em encorajar os
jovens tentadores recém-formados na Academia a seguir carreira.
O ponto inicial está focado na mediocridade do cardápio servido, devido
às péssimas qualidades das almas humanas, pois "os grandes (e deliciosos)
pecadores são feitos do mesmo material que aqueles fenômenos horríveis, os
grandes Santos. O desaparecimento
virtual desse tipo de ingrediente pode significar refeições insípidas para
nós".
Mas isso é só o mote para que o brinde se dirija ao que ele realmente
quer apontar. E eu entendo que três
citações indicam bem o sentido do discurso.
Um. "Gostaria de
fixar a sua atenção no movimento vasto, completo rumo ao descrédito, e,
finalmente, à eliminação de todo o tipo de excelência humana – moral, cultural,
social ou intelectual".
Aqui o
tinhoso aborda o que ele chama de democracia. Uma democracia doentia lastreada por uma
educação pautada pela máxima de que "eu sou tão bom quanto você";
em que todos os indivíduos são finalmente nivelados por baixo, pela
mediocridade, pelo que há mais vil e indolente na sociedade. E uma sociedade com um modelo de democracia
assim nunca produzirá nem incentivará o surgimento de seres humanos valorosos e
excelentes. Onde todos são "zé-ninguém".
Dois.
"O valor supremo, para nós, de qualquer revolução, guerra ou fome
está na angústia individual, na traição, no ódio, na raiva e no desespero que
elas são capazes de produzir".
Embora o diabo
possa trabalhar para que sociedades e nações se arruínem, o objetivo final será
sempre a conquista da alma humana, seu alimento infernal.
E três. Assim ele conclui seu discurso (penso que a
citação vale por si mesma): "tendo dito isso, meus amigos, será péssimo
para nós se o que a maioria dos humanos entenderem por religião se esvanecer da
Terra, pois ela pode nos enviar pecados realmente deliciosos. A fina flor do profano só pode crescer na
vizinhança íntima do sagrado. Em nenhum
lugar a nossa tentação é tão bem-sucedida quanto precisamente aos pés do
altar".
Lendo, me veio a situação mundial e particularmente a brasileira de como o "politicamente correto", o excesso de "ismos" e hipocrisia das ditas "políticas sociais" são quase uma premonição de Clive Staples Lewis. O uso demoníaco e corrompido da palavra democracia, que faz com que "aqueles que são inferiores podem se dedicar de forma mais intensa e com mais sucesso do que nunca a puxar para baixo todo o restante do mundo, trazendo-os para o seu próprio nível"; "seria antidemocrático haver alunos brilhantes causando traumas existenciais em alunos ignorantes e vagabundos". Infelizmente identifico esse comportamento em quase todos seguimentos do comportamento humano, independente de raça, credo, formação acadêmica ou classe social. O nivelamento pela vulgaridade, frivolidade e maldade.
ResponderExcluirInfelizmente sou levado a concordar, a mediocridade e a vulgaridade tem recheado nossas instituições educacionais e religiosas. E essa é a proposta do Tentador: nos nivelar por baixo. Cabe a cada um buscar as coisas que são do alto. Com a ajuda do Eterno conseguiremos resgatar nossa geração.
ExcluirDeus tenha misericórdia de nós! Livre-nos do tentador!
ResponderExcluirPai nosso! Livra-nos do maligno! Amém!
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