A narrativa bíblica é enfática e não deixa brecha para nenhuma
dúvida sobre a origem humana. Fomos
criados por obra direta de próprio Deus.
E ele nos fez para refletir sua imagem e semelhança. Isso quer dizer que em cada aspecto e detalhe
de nossa vida devemos reproduzir algum aspecto da própria divindade. E, mesmo considerando nossas limitações –
somos criatura e não Criador –, devemos sempre buscar essa configuração original.
Hoje sabemos que o pecado maculou e distorceu esse plano e desenho
divino. E quando olhamos para a humanidade hoje devemos reconhecer o estrago
que as decisões humanas acarretam. Mas é
fundamental observar o plano original de Deus pois cremos que, acima de tudo,
sua vontade para nós continua boa, agradável e perfeita (considere Rm 12:2).
O texto do Gênesis se refere à criação do gênero humano (é a
melhor tradução da expressão hebraica de Gn 1:26). Mais que apenas um homem específico, o texto
indica que naquele dia da criação Deus formou uma espécie distinta.
Com essa compreensão, é importante destacar que, criados por Deus
e distintos como homens e mulheres (macho e fêmea, ainda na acepção da
expressão bíblica de Gn 1:27), eles trazem certas características que os
assemelham entre si e outras que os diferenciam.
Homens e mulheres têm em comum a realidade de que ambos foram
criados de acordo com a imagem de Deus.
Ou seja, as características divinas foram igualmente estampadas no
masculino e no feminino sem distinção. E, embora nenhum o faça de maneira completa
(repito: há limitação natural e estrutural na criação), não se deve fazer
distinção entre homens e mulheres no que tange à imagem de Deus.
Como outros seres vivos compartilhamos aspectos bioquímicos, mas
Deus nos levou adiante: somos mais que instintos ou imperativos biológicos,
somos seres conscientes e que fomos dotados de vontade e desejo racionais. Isso homens e mulheres refletem por igual,
como dádiva de graça, quando o Criador nos formou e distinguiu como sua imagem
e semelhança.
O nosso Deus, contudo, é um ser único (declaração de fé em Dt
6:4). Então essa característica é
espelhada no ser humano. Tanto homens
como mulheres são seres de características únicas. Assim, embora em cada um haja aspectos
físicos e materiais (chamamos de corpo) e aspectos não-físicos (chamamos de
alma/espírito), pela compreensão bíblica, o ser humano sendo imagem de um Deus
único ele também é único em sua constituição – não dividido ou particionado.
Essa compreensão bíblica indica que homens e mulheres são, por
igual, dotados das mesmas responsabilidades, direitos e deveres espirituais
diante de Deus e da sociedade. Assim
fomos criados originalmente.
Mas precisamos falar das diferenças. Se, do ponto de vista espiritual homens e
mulheres são iguais em absoluto, em seus corpos há diferenças que não podem ser
ignoradas. Deus criou corpos distintos
para homens e mulheres para que juntos pudessem por em execução as bênçãos da
fecundidade e multiplicação (volte a Gn 1:28).
É importante ser dito aqui.
Deus é o criador e doador de toda vida e ao impingir sua imagem nos
seres humanos ele quis também outorgar a capacidade de gerar a vida. Isso é essencial em nosso Deus – gerar
vida. E nas nossas diferenças fomos
capacitados para assim gerar.
(Da Revista DIDASKALIA – 1º quadrimestre / 2023 – IBODANTAS)
Nesse contexto, querendo
enriquecer seu estudo, você pode ler uma pequena análise a partir do fraseado
hebraico dos versos de Gn 2:7 na postagem: “PÓ, FÔLEGO E ALMA” no link.
Nenhum comentário:
Postar um comentário