Em meio a todo aquele esplendor da criação, do jardim plantado
pelo próprio Deus, a da responsabilidade estabelecida graciosamente ao ser
humano, havia uma interdição: “não coma da arvore daquela árvore, para não
morrer” (Gn 2:17).
E é importante logo compreender que a interdição divina não seria
apenas uma implicação aleatória de Deus: há uma razão. No meio daquele jardim de delícias,
suprimentos e belezas, estava demarcada a limitação especial da criação. Limitação essa que se, por ousadia, a
criatura ultrapassasse recairia sobre si as consequências de sua arrogância.
A criação, embora bela e abundante, tem suas limitações – e tais
limitações precisam ser respeitadas para que não se produza a morte. Se do nada Deus criou um jardim, a
arrogância humana em dispor dos recursos a ele ofertados desfaz o jardim e nos
recola no caos e no nada.
A árvore do conhecimento do bem e do mal foi colocada no jardim
para que o ser humano sempre estivesse atento para suas próprias limitações e
para que sempre também se atentasse que os recursos naturais disponíveis não
são infinitos. E quando a humanidade
rompe esse limite e tenta usar de recursos além de seus limites naturais,
estará se opondo ao que Deus lhe concedeu.
Essa arrogância no uso dos recursos naturais chamamos de
pecado. Logo, como interpretação cristã
do meio ambiente, podemos afirmar que sempre que não cumprimos nossa responsabilidade
como administradores do jardim, ou quando usamos dos recursos como se fossem
ilimitados, estamos cometendo pecado contra Deus e seus planos.
O casal humano, contudo, cedeu à tentação e comeu do fruto
proibido, desejou ir além de seus limites e usar de todos os recursos como se
fossem seus, sem se atentar para as limitações (a trágica história está narrada
no capítulo três de Genesis). Então se
escondeu de Deus, com se isso pudesse minimizar os efeitos de seu pecado e
arrogância.
E o castigo veio de maneira inevitável: “maldita será a terra por
sua causa” (Gn 3:17). A narrativa
bíblica não deixa margem para dúvidas ao reconhecer que há uma consequência
ecológica dos pecados humanos, bem como ao alinhar as catástrofes no meio
ambiente e no clima com resultado das ações pecaminosas de humanidade.
Mesmo que venhamos a entender que os desdobramentos do meio
ambiente no planeta não possam ser atribuídos a nenhum ser humano em
particular, mas a verdade bíblica é que os desmandos humanos (de toda espécie
humana), em usar os recursos da natureza de maneira irresponsável é pecado e
que, por isso mesmo, fere a criação dada pela graça e produz consequências para
todos (entendo que Rm 3:23 pode ser lido nesse sentido).
Chegando ao Novo Testamento, lemos o apóstolo Paulo confirmando
que a natureza foi submetida a inutilidade por conta das ações humana e por
isso “geme até agora, como em dores de parto” (em Rm 8:19-22). Isto é: há sempre um desdobramento no meio
ambiente que reflete nossas ações, decisões e omissões pecaminosas. E todos sofremos.
(Da Revista DIDASKAIA – 1º quadrimestre /
2023 – IBODANTAS)
Leia
mais sobre O CRISTÃO E O MEIO AMBIENTE –
– A ordem da criação –
link
– Um assunto profético – link
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