O
Instagram me sugeriu um cartum de @umsabadoqualquer, do desenhista
brasileiro Carlos Ruas (reproduzo aí).
Em geral eu gosto de seu traço mesmo que, algumas vezes, eu ache que ele
pega um pouco pesado. Faz parte! – mas,
tudo bem, eu não me sento na cadeira de julgador do trabalho alheio.
Bem, desde que vi, ontem, estou com a imagem na
mente e vou aqui compartilhar um pouco as ideias que sopraram em minha mente. Tentarei fazer isso numa certa ordem.
Em primeiro lugar, eu consigo enxergar muita
alegria e bom humor nas páginas Sagradas da Bíblia. Talvez alguns de seus autores seriam bons
cartunistas. Inclusive o próprio Jesus foi acusado de ser
festeiro e contador de histórias – vez ou outra escancarou quão burlesca pode
ser a seriedade grave dos defensores da fé, da tradição e da moral.
Quanto ao "pegar pesado", o humor tem
mesmo essa função social e infantil de denunciar que o rei está nu (como na
história de Hans Cristian Andersen). Ao
expor quão ridículas são nossas certezas e frágeis nossos pressupostos, o
cômico nos força a reavaliar nossos fundamentos.
Detalhe UM – só se ri do que é sério!
Detalhe DOIS – não é por acaso que humor e graça sejam
conceitos correlatos!
Detalhe TRÊS – em 2017 eu declarei que permaneço no
fundamento. Reli agora o que escrevi e
continuo permanecendo. Click no link para ler o texto – Escrevinhando.
Mas estou fugindo da charge. E como não sei desenhar (bem que gostaria!),
vou voltar às palavras:
Um fiel engravatado e convicto de suas convicções
(ô redundância boa!) determina que Deus se recolha para trás para que ele – o
paladino – possa defendê-lo (É verdade: uma imagem pode valer mil palavras).
E o interessante é a cara divina de espanto:
– Hein!?!?!?
Desde quando Deus precisa ser defendido?
E vai ser defendido de quê?
Quem deu procuração para o engravatado religioso?
A defesa inclui dogmas? Lógica? Apologética?
Tribunal? Inquérito Santo? Cruzada?
Jihad? Guerra? Excomunhão?
Ufa!!! Até cansei!!!
Mas, vamos continuar pensando:
Um deus que precisa ser defendido não vale sequer assentar
entre outras divindades.
Em verdade: eu não sei o que seria tão ofensivo
que me exigiria ter que pugnar em defesa do meu Deus.
Também. Se
esse deus atribuiu garantias religiosas exclusivas aos engravatados religiosos
de cabelo escovado, então um Deus Encarnado que come com bufões não pode
compartilhar dos mesmos atributos.
É hilário que ainda tem uns engravatados que se
prestam a esse papel.
E ridículo também é a diferença de tamanho entre o
defensor e o defendido (e olhe que é só um cartum!)
Mas estou achando que o Vento que sopra como quer –
e apenas se faz ouvir a sua voz – está fazendo um vendaval em minhas ideias.
Então, antes que me tenham por provocador, vou
deixar que Deus mesmo se defenda por Sua Palavra.
E ali eu leio que a alegria do Senhor é a nossa força pois o Reino de Deus é feito exatamente dessa alegria (em Ne 8:10 e Rm 14:17).
Também vejo Jesus dando prioridade a crianças que brincam no seu Reino (compare Mc 10:14 com Zc 8:5).
No Salmo Real o
poeta sacro até percebe que gentes se levantam para pelejar contra o Senhor,
mas a resposta divina consiste em rir e caçoar deles (no Sl 2:4).
E eu não preciso defender um Deus que ri.
Oi pastor Jabes, texto leve e agradável. Boa reflexão. Pena que tem várias religiosos supostamente "protestantes" que além de continuar querendo "defender" Deus, ainda querem fazê-lo com armas de fogo. Constrangedor.
ResponderExcluirOi querido. Realmente é constrangedor que alguns que se dizem crentes e conhecedores desse Deus ainda não entenderam que ELE não precisa de defensores (muito menos armados), mas de adoradores.
ExcluirDeus abençoe sempre