A disciplina cristã da
comunhão, embora deva ser desenvolvida a partir de uma disposição interior
inabalável de seguir as determinações do nosso Mestre, como o próprio tema já
sugere, tem que ser vivenciada entre os irmãos de fé, no meio da igreja. A comunhão dos santos (um bom conceito para
descrever a igreja!) é o resultado da soma dos esforços pessoais de cada crente que se aplicam para manter unido o povo de Deus, tendo o mesmo
objetivo e submissos ao mesmo Senhor.
Para aprofundarmos nosso
estudo sobre esta disciplina espiritual é preciso realçar pelo menos três
verdades, as quais devem estar gravadas na vida e coração de cada fiel cristão
para que, só então, a comunhão venha se tornar uma realidade na experiência da
igreja.
Em primeiro lugar, a igreja
primitiva tinha uma convicção certa de quem exercia o senhorio sobre ela: Jesus
Cristo. Sendo Jesus o Senhor de tudo –
aquele que tudo possui (Sl 24:1) e tem todo o controle (Lc 12:6-7) – então tudo
o que resta é nos submeter à sua vontade.
Ninguém é dono de nada, nenhum cristão, por mais fiel que seja. E se tudo pertence ao Senhor então devo
colocar tudo à sua disposição a fim de que ele use para o desenvolvimento da comunhão
do corpo de Cristo.
Escrevendo à Igreja em
Filipo, o apóstolo Paulo exorta: nada
façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros
superiores a si mesmo (Fl 2:3). Este
é um excelente método para que a disciplina da comunhão seja gerada em nosso
interior e daí flua para a igreja; esta é a segunda verdade: ter um conceito
humilde em relação ao meu irmão, considerando-o como digno de maior relevância
em relação a mim mesmo.
E ainda, uma terceira
verdade: a única relação de dívida a ser considerada no trato com meus irmãos é
o amor fraternal – ou recíproco: Não
devam nada a ninguém, a não ser o amor uns pelos outros, pois aquele que ama
seu próximo tem cumprido a Lei (Rm 13:8).
Nossa base de relacionamento tem que ser alicerçada num entranhável afeto
que transborde para a vida comunitária (veja Fl 2:1-4).
Só um dado estatístico para
ilustrar a força do conceito desta disciplina nas páginas do NT: a expressão
uns aos outros indicando a necessidade de haver reciprocidade nas relações
cristãs aparece 54 vezes no Novo Testamento.
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