terça-feira, 20 de maio de 2025

CRISTO RESSUSCITOU – segundo as Escrituras

 


A sua pergunta é boa e merece uma reflexão mais acurada.  Vamos a ela.

 

Começando pelo segundo questionamento:

Quando Paulo escreveu aos Coríntios já começava a haver alguma tradição cristã específica, mas os Evangelhos escritos só surgiriam depois.

De acordo com os melhores estudiosos, a Primeira Carta aos Coríntios foi escrita em Éfeso por volta do ano 55 e o Evangelho mais antigo – Marcos – só apareceu depois do ano 64 (quase uma década depois).

Então o apóstolo não estava se referindo a Escrituras Evangélicas. 

 

Sobre o texto aos Coríntios propriamente, o apóstolo escreveu para aquela igreja que era rica em dons (veja 1Co 1:7), mas fraca e problemática em questões de doutrina e precisava de repreensão em diversas áreas (considere 1Co 4:14).  Inclusive no tema da ressurreição (que ele vai tratar no final da epístola).

 

Voltando ao tema, quanto à passagem, resta-nos a segunda opção: nas profecias do AT.  E aqui reside a dificuldade, já que não há um versículo explícito sobre a ressurreição – como há sobre o nascimento (Is 9:6) e sobre a morte (Is 55:3). 

 

Vamos caminhar um pouco para entender as bases apostólicas. 

 

Os primeiros cristãos fizeram de maneira consciente e explícita uma leitura (boa exegese!) nos textos antigos.  Eles leram as profecias do advento como apontando para Cristo (observe Mq 5:2 em Mt 2:5); e, da mesma forma, as passagens dos Salmos reais foram aplicadas à Jesus (como o Sl 110:1 em Hb 1:13).

Foi com essa exegese que se chegou à ressurreição.  Pedro, no discurso inaugural por ocasião de Pentecostes, citou literalmente o Sl 16:10 aplicando-o a Jesus que não teve seu corpo decomposto, mas que Deus o ressuscitou (o discurso está em At 2 e o verso da citação é o 27).

E mais.  O próprio apóstolo Paulo fez referência a essa passagem das Escrituras quando do seu discurso na Sinagoga de Antioquia (leia em At 13:29-37).

Essa compreensão passou então para a igreja primitiva e logo cedo a doutrina da ressurreição foi compreendida como o cumprimento das Escrituras antigas. 

Assim, tudo leva a compreender que, aos Coríntios, Paulo estava citando essa interpretação das Escrituras – que os cristãos de Corinto já deveriam conhecer e crer, mas que ainda era motivo de ignorância e descrença (veja 1Co 15:1 e 34).

 

A certeza da ressurreição foi tema central da crença da igreja primitiva e da pregação dos cristãos originais.  E Paulo a considerou como destaque inegociável de sua fé – não hesitou diante dos sábios atenienses (em At 17:30-31) e destacou como base de nossa doutrina, prática e esperança:

 

"O Deus que ressuscitou o Senhor é o mesmo que haverá de nos ressuscitar
pelo seu poder."

(1Co 6:14).

 

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