Lembrei-me de uma citação que Elda me passou certa
vez, de um romance que ela estava lendo.
Sabia dela, e não foi difícil ir buscar num arquivo onde estava gravada.
Então, na magia do ctrl C + ctrl V, aí vai a citação:
―
Durante toda a vida somos atraídas por uma coisa ou por outra – continuou Mary
Clement. ― As tentações mudam, é claro. Quando se é jovem, é um rapaz bonito. Depois, doces ou comida. Ou quando ficamos velhas e cansadas, apenas a
oportunidade de dormir mais uma hora pela manhã. Tantos pequenos desejos e somos tão
vulneráveis a eles quanto qualquer um. Apenas
não nos é permitido admitir isso. Nossos
votos nos proíbem. Usar o véu pode ser
uma alegria, dra. Isles. Mas a perfeição é um fardo que nenhuma de nós
pode suportar.
Na verdade, nunca li o livro de onde a citação foi
tirada ("O Pecador" de autoria de Tess Gerritsen), mas sei que a Mary
Clement – da citação – é uma abadessa. O
que enche de carregamento as palavras!
Da primeira vez que ouvi Elda lendo para mim, o
que me chamou a atenção foi a constatação de como, no rio da vida, as coisas
estão sempre fluindo, mudando para, no fim, dar tudo no mesmo.
Agora, relendo, o rio das ideias está indo noutra
direção: a perfeição é um fardo!
― Mas como ser perfeito quando a beleza, a doçura
ou o conforto me convidam ao desejo?
Ora, ninguém é menos vulnerável aos prazeres e
alegrias que quebram a cinzenta austeridade da vida de compromissos e que nos
amarram religiosamente ao pesado hábito da perfeição. Mas mantermos votos cansa.
E o véu – ou o xador – que cobre nossos corpos
como mantos sociais nunca desanuvia o anelo da alma.
Então o rio das ideias vem banhar outras margens e
me pego pensando no homem de Nazaré contemplando belezas, deliciando-se com
doçuras e aproveitando do conforto.
E
se para a sua fé sisuda isso é heresia, paciência! Foi ele mesmo quem propôs trocar os votos que
proíbem, a dor da atração escondida, os pequenos desejos – trocar o fardo da
perfeição insuportável por uma vida leve e descansada.
Vida leve e descansada, certamente é o desejo de todo mortal consciente. Boa meditação, mais uma vez, parabéns pastor Jabes Filho.
ResponderExcluirÉ verdade querida. E uma vida assim só o homem de Nazaré pode nos conceder.
ExcluirAbr