A fase na história de Israel que
corresponde ao período entre a chegada e conquista da terra prometida e o estabelecimento
dos reis é conhecido como o Período dos
Juízes de Israel. Na narrativa
bíblica está descrito no livro que leva o mesmo nome – Juízes – entrando pela narrativa do primeiro livro de Samuel. Esta é uma relação do juízes que lideraram os
israelitas neste período:
terça-feira, 17 de janeiro de 2017
sexta-feira, 13 de janeiro de 2017
A GRAÇA – de Lucado a Yancey
Aproveitei uns dias de folga no
final do ano para atualizar a leitura.
Na minha biblioteca caseira sempre há alguns volumes que acrescento ao
longo da caminhada e que por razões diversas vão sendo preteridos. Assim foi com o texto de Max Lucado: "Graça". Não lembro exatamente quando ele chegou, mas
nunca foi lido, até este fim-de-ano. Assim,
eu o peguei e li quase de uma tomada só.
O tema em si já é naturalmente
empolgante: A GRAÇA. Entre as
declarações que embasaram a Reforma Protestante nos séculos XVI e XVII uma
delas afirmava: sola gratia – somente
a graça. A nossa fé e toda a nossa
formulação cristã estão firme e profundamente alicerçadas na crença que somente
a graça divina, manifesta em Cristo, conforme relatada nas páginas sagradas, é
o que pode aliviar o peso que sobrecarrega nossa alma e pode nos abrir os
portais eternos de volta à casa Paterna.
E assim Lucado começa a
descrevê-la: A graça é a melhor ideia de
Deus. O pecado e a culpa sempre pesam sobre nós,
corroendo nossa vida e a transformando numa antecipação do inferno. Esse é o problema central da humanidade. E é exatamente para resolver tal problema que
a graça se manifestou em Cristo Jesus. E
nesta equação entre pecado, culpa, castigo e amor divino é que a graça se
manifesta. Como colocar tudo isso numa
mesma fórmula? Lucado assim resolve:
Deus não ignorou seus pecados, para que não suceda que
concorde com eles. Ele não puniu você,
para que não suceda dele destruir você.
Em vez disso, ele encontrou uma maneira de punir o pecado e preservar o
pecador. Jesus assumiu sua punição e
Deus deu a você o crédito pela perfeição de Jesus.
E então é por conta desta ideia
maravilhosa que Lucado chega à conclusão de seu livro com a seguinte proposta:
Deixe-o fazer o trabalho dele. Deixe que a graça triunfe sobre sua história
de prisão, crítica e consciência culpada.
Veja a si mesmo pelo que você é – projeto pessoal de reconstrução de
Deus.
Então, voltando ao meu roteiro de
leituras de fim-de-ano, resolvi ler mais uma vez o texto de Philip Yancey sobre
o mesmo tema. O título em inglês é What's So Amazing About Grace? (em português:
Maravilhosa Graça). Em geral, raramente leio mais de uma vez
qualquer título literário, mas com certeza o texto de Yancey merece releituras. E aproveitei o embalo do trabalho de Lucado
para voltar às suas páginas.
É certo que o próprio Yancey se
reconhece nos seguintes termos:
Para dizer a verdade, mal provei da graça em toda a
sua intensidade, tenho dispensado menos do que recebi e não sou, de modo
nenhum, um especialista no assunto.
Mas ao se propor a apoiar-se mais
em histórias do que em silogismos preferindo transmitir graça em vez de
explicá-la, entendo que ele foi não somente feliz em expor este conceito
fundamental ao cristianismo (penso no duplo sentido da expressão fundamental), como também relevante em
abordar temas nevrálgicos em nosso sistema de crenças e eclesiologia.
Narrando histórias da ficção,
fatos pessoais e outros de conhecimento público, Yancey apresenta um quadro onde
o escândalo da graça esbofeteia nossa falsa segurança religiosa e nos desafia
ao aceitamento incondicional daquilo que somente Cristo pode realizar a partir
de seu sacrifício único.
E os temas delicados se sucedem:
alegria, severidade, correção, piedade, imperfeição, perdão. Mas também
assuntos concretos com os quais precisamos lidar – e nem sempre a igreja sabe o
que fazer com eles: racismo, holocausto, fundamentalismo, homossexualismo,
álcool, vícios, corrupção, adultério, política.
Temas que carecem de ser olhados com o devido prisma que somente a graça
pode nos fornecer.
E Yancey nos coloca incomodamente
alguns desses desafios. Denuncia uma fé
cristã que se cristalizou ao longo de eras excluindo do seu cerne a preciosa
graça e deixou com que a não-graça dominasse o mundo no qual vivemos – mesmo no
chamado ocidente cristão. Veja suas
palavras:
A fé religiosa – com todos os seus problemas, apesar
de sua enlouquecedora tendência para copiar a não-graça – sobrevive porque
sentimos a beleza luminosa do dom imerecido que vem em momentos inesperados de
fora. Recusando-nos a crer que nossas
vidas de culpa e vergonha não nos levam a nada a não ser à aniquilação,
esperamos, sem nenhuma esperança, um outro lugar dirigido por regras
diferentes. Crescemos famintos de amor
e, de maneira tão profunda que não conseguimos expressar, ansiamos por que o
nosso Criador nos ame.
Então é tal graça que nos parece
por vezes incoerente, absurda, injusta – e somente ela – que nos leva a Deus e nos ensina que Deus nos ama pelo que Ele é, e não pelo
que nós somos. Categorias de merecimento
não valem nada. E nada há que eu possa fazer que produza amor
maior ou aceitação da parte de Deus, da mesma forma que nenhuma atitude minha –
ou falta dela – que afaste a graça de mim.
Deus simplesmente me ama em Cristo Jesus, e isso basta.
É por isso que Yancey insiste em
que a igreja seja aquilo para a qual foi idealizada: que a igreja se torne uma cultura nutridora dessa
graça.
terça-feira, 10 de janeiro de 2017
Os Grandes Princípios Batistas – A SEPARAÇÃO ENTRE IGREJA E ESTADO
Este
item amplia a liberdade da igreja. Ela
não está subordinada ao Estado e ela e o Estado têm esferas diferentes. A igreja é cidadã deste mundo e sujeita-se a
leis de justiça e de bom senso. Mas deve
dizer: “Mas Pedro e João, respondendo, lhes disseram: Julgai vós se é justo
diante de Deus ouvir-nos antes a vós do que a Deus” (At 4.19). A lealdade última da igreja é para com Deus e
sua Palavra. Sua pátria mais amada é a
celestial. O Estado também está sob a
lei da justiça divina. No Antigo
Testamento, Iahweh escolheu Israel, mas é Senhor de todas as nações e toda a
terra. Devemos nos lembrar disto.
Na
Escandinávia, os pastores luteranos são pagos pelo Estado. No Brasil, constantemente, verbas públicas
são usadas para recuperar igrejas católicas, sob desculpa de patrimônio
arquitetônico ou cultural. Mas são
lugares de cultos. Isto é contra nosso
princípio de um Estado leigo, que não deve investir em nenhuma religião nem
beneficiar nenhum culto.
Diferentemente
de grupos anabatistas e outros radicais do século 16, os batistas não
questionam o Estado por ser Estado. Mas
não o sacralizam. O Apocalipse mostra o
Cordeiro contra um Estado que deseja ser Deus.
Nosso compromisso é com a justiça, com a honestidade e com a dignidade
humana. Podemos nos rejubilar de termos
em nossa história um Prêmio Nobel da Paz, o Pr.
Martin Luther King Jr, assim agraciado pela sua luta pelos direitos dos
negros norte-americanos. Mas, quando a
turma de formandos do Seminário do Sul, em 1968, o tomou como seu paraninfo,
alguns dos missionários americanos que lecionavam no Seminário, bem como parte
da cúpula batista brasileira, ficaram indignados com os alunos. Sintonizados com o regime militar, achavam
que King era um comunista, um agitador. Que
miopia! E perda de senso de história!
Uma
igreja batista não é da direita nem da esquerda nem mesmo do centro. É de cima.
Seus valores são espirituais e celestiais. Uma igreja batista faz parte da igreja de
Cristo, que é multirracial, multi-étnica, multigeográfica. Sou brasileiro e não me envergonho disto. Digo como Fernando Pessoa: “minha pátria é a
língua portuguesa”, ou seja, tenho uma identidade lingüística. Amo meu idioma, dizendo como Olavo Bilac: “em
que da voz materna ouvi: ‘meu filho’”. Foi
na língua portuguesa, no Brasil, que ouvi minha mãe, Nelya Werdan, uma filha de
suíços, me chamar de “filho”. Foi neste
país, o Brasil, que duas famílias estrangeiras, os portugueses Gomes Coelho e
os suíços Werdan Suhett me deram origem.
Mas, mais que brasileiro e descendente de portugueses e suíços, sou
cidadão do reino do céu. Os princípios
do reino celestial devem reger minha vida.
Deus
não é brasileiro nem tem nacionalidade alguma.
Devemos ser patriotas, mas devemos discordar do Estado quando este
invade área que não é sua. Não lhe
compete nos ditar fé ou perspectivas religiosas. Pagamos impostos, servimos ao exército, damos
nossa parcela para este país. Mas não o
sacralizamos nem o deificamos. O culto
ao Estado produziu a aberração chamada “Cristãos Alemães”, que queria uma
igreja germânica, de raça pura. Mas não
admitimos a ingerência do Estado em nossa vida.
Nem transigimos nossos padrões por causa do Estado. As casas de prostituição pagam taxas e são
estabelecidas legalmente, mas a prostituição é pecado. O que é legal nem sempre é moral. O casamento de homossexuais pode ser tolerado
civilmente, mas é pecado. Uma batista
deve dizer como Lutero: sua consciência é cativa da Palavra de Deus.
Somos
cidadãos como todos os demais e não devemos esperar tratamento especial. É errado igrejas batistas pedirem ônibus às
prefeituras e órgãos públicos para fazerem piqueniques. Se não têm dinheiro para alugar um ônibus,
não andem de ônibus! Vão a pé ou não façam piquenique! Se nos incomoda ver
dinheiro público sendo usado para levantar estátuas a Iemanjá em cidades da
orla marítima, deveria nos incomodar também o uso de dinheiro público para
monumentos à Bíblia. O poder civil não
pode patrocinar nenhuma religião! Nem a nossa!
Nunca
fomos subversivos. Mas não podemos ser
coniventes com um Estado desumano, corrupto, desvalorizador do homem. Nosso norte são os valores da Palavra de Deus. Olhamos para eles e seguimos nossa jornada. O que se desvia deles, isso recriminamos. Não é se nos beneficia, mas se é um princípio
bíblico.
Extraído de uma palestra preparada pelo Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho (1948-2013) para
um congresso doutrinário em Altamira, Pará, novembro de 2009.