A alguns que confiavam
em sua própria justiça e desprezavam os outros, Jesus contou esta parábola:
“Dois homens subiram ao templo para orar; um era fariseu e o outro, publicano”. Assim
Lucas introduz a bem conhecida parábola do Fariseu e do Publicano (este é o
verso 18:9 e a parábola é narrada a seguir até o verso 14).
Permita-me uma análise
rápida da história. O fariseu e o
publicano eram dois personagens bem comuns dos dias de Jesus, e com alguns
deles o próprio Jesus se deparou várias vezes em seu ministério. E são estes os personagens que ele escolheu
para usar como ilustração nesta parábola.
Na parábola os dois sobem
ao templo para orar e lá se diferenciam enormemente na busca da súplica ao céu. É exatamente esta diferença, a princípio
absurda e incoerente, que Jesus destaca.
A distinção pode ser
observada por três ângulos distintos: (1) olhando-se pela ótica popular, (2) pela
ótica dos próprios orantes e (3) pela ótica divina. Analise comigo cada uma delas.
(1) Para o povo: o
fariseu seria aquele que estaria ritualmente limpo e apto para comparecer
diante de Deus em oração. O publicano
seria o avarento traidor do povo – e de Deus – logo sem condições de estar na
presença sagrada. Assim, o primeiro
receberia coerentemente uma resposta ma sua oração.
Mas estas observações são
apenas exteriores. O inusitado da
parábola está em o Mestre propor uma leitura alternativa do episódio. Continuo com outra perspectiva.
(2) Para os próprios
personagens: o fariseu é aquele que não se compara com os demais pecadores pois
estaria acima dos vícios e defeitos dos outros – comparativamente melhor! Por sua vez o publicano se sabe o indigno
pecador e – sem comparações – apenas suplicante das misericórdias divinas.
Jesus não credita ao
próprio coração humano a prerrogativa de bom juiz.
O desfecho da parábola também não será determinada por direitos
reivindicados. Contudo, falta ainda o
último ângulo de visão.
(3) Para Deus, que ouve a
oração: o fariseu é o arrogante que, preso às suas convicções, não é capaz de
merecer nada além do que ser estimado pelo populacho – pois só é isto que
receberá! Por outro lado, o publicano é
o humilde que, buscando a Deus em sua sinceridade e a despeito de todos os
pecados e falhas, pode voltar para casa abençoado, pois foi ouvido por Deus.
Certamente estes dois
personagens estão ainda hoje diante de nós: a qual dos dois nos compararemos.
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