A oração é a segunda
disciplina cristã que queremos estudar. Para aprofundarmos mais no
conhecimento da disciplina cristã da oração, é preciso em primeiro lugar ler as
instruções do Mestre: mas quando você orar, vá para seu quarto, feche a
porta e ore a seu Pai, que está em secreto (Mt 6:6). Contrariando a
visão de religiosos que buscavam ostentar a sua espiritualidade em belas e
longas orações públicas, Jesus instrui os seus discípulos a desenvolverem uma
vida de oração baseada na experiência que denominamos do "quarto
fechado".
De acordo com a
indicação de Cristo, a oração deve acontecer primordialmente no ambiente de
intimidade e privacidade. Em se tratando de disciplina, de uma vida
completamente comprometida com o Reino de Deus, tudo deve começar no interior
de uma vida que se encontra como seu Deus.
A oração é encontro
marcado, é lugar de convivência entre Deus e seu servo. E isto implica em
intimidade. Na oração íntima o ser humano se deixa ser tomado pela
maravilhosa companhia do seu Senhor, aqui não há barreiras nem impedimentos de
qualquer natureza entre o Pai e seu filho que se acham em contato tão próximo
neste momento. Toda a vida: alma, projetos, anseios, dúvidas, problemas e
alegrias do que está em oração estão expostos; e toda a santidade e divindade
do Pai estão tocando o fiel.
Como disciplina, porém,
a oração deve ser uma decisão aprendida e praticada com determinação e vontade,
mas não pode acontecer simplesmente como fruto da ação humana. O crente
pode – e deve – plantar e buscar uma intimidade com Deus, mas somente o próprio
Deus dará o crescimento espiritual necessário para que esta intimidade aconteça
(veja 1Co 3:7).
Nas palavras de Paulo: orem
continuamente (1Ts 5:17). É preciso deixar claro que a disciplina
cristã da oração – embora seja uma intimidade profunda entre o Criador e sua
criatura – não pode ser encarada como um momento distinto e isolado na vida do
crente. É certo que deve haver momentos exclusivos, mas o texto nos
indica que toda a vida do crente tem que ser uma vida de oração. Repito:
a intimidade com Deus expressa no "quarto fechado" não pode ser
momento único na vida disciplinada, mas o reflexo de toda uma vida de oração
constante.
Um último detalhe deve ser destacado aqui. A oração sempre deve ser feita em nome de Jesus Cristo. Sendo verdade que nada podemos sem a participação do Senhor (veja Jo 15:5), também é verdade que Ele mesmo nos autorizou a irmos ao Pai em seu nome (veja mais Jo 14:13). Ou seja, não há oração cristã – por mais sincera e piedosa que seja – que atinja o Pai e nos traga intimidade com Ele que não seja em nome de Jesus.
Excelente reflexão Pr. Jabes. Fico a refletir como estaria hoje o mundo se Descartes e Kant tivessem cultivado essa vida de oração ao invés de isolarem-se em seus pensamentos antropocêntricos. Deus te abençoe.
ResponderExcluirQuerido, reconheço que embora o pensamento antropocêntrico tenha o seu valor, mas nada supera a experiência do quarto fechado, da intimidade com Deus, da oração sincera. Que bom seria se homens de ciência fossem também homens de oração.
ExcluirUm abraço.