Chego hoje ao último bago da jaca do Espírito conforme foi proposta pelo apóstolo Paulo em Gl 5:22-23. Ao longo deste verdadeiro manjar espiritual, nos deliciamos com alguns bagos que reproduzem o caráter essencial de Cristo, outros que se misturam maravilhosamente entre si, e ainda alguns outros que nos desafiam e nos confortam. Todos gostosos e convidativos. Todos Frutos do Espírito.
Neste bago derradeiro que Paulo me oferece, ele fala em temperança, autocontrole, equilíbrio individual. Ou seja, quando em mim se desenvolve a jaca do Espírito, controlar os meus ímpetos pessoais é algo que se mostra natural e solidamente constituído em minha vida.
Mas, o que seria este domínio próprio ou autocontrole espiritual?
Sem entrar na discussão sobre a constituição ou divisão essencial da vida humana, temperança é quando o Espírito Santo faz com que cada célula minha, cada nuance emocional, cada estímulo sensorial, cada posse intelectual, cada vivência espiritual possa ser controlado e administrado correta e conscientemente pela minha vontade submissa ao próprio Espírito.
Dito assim, mas parece definição teórica acadêmica – e mesmo reconhecendo seu valor, não quero configurar assim este espaço. Então vou tentar dizer de outra forma: domínio próprio é quando, na pior das hipóteses, o obeso controla pelo Espírito a sua gula ou o deprimido as suas carências. E igualmente, nas melhores circunstâncias, quando o estudante domina sua fome de saber ou o espiritual seu apetite de glória e graça. Isso sim é equilíbrio individual adequado e espiritual.
Venha um pouco mais além comigo, considerando este bago. Jesus fala que o pecado escraviza, mas no Filho somos verdadeiramente livres (lá em Jo 8:34-36). Isso quer dizer que não pesa sobre nós nenhuma imposição escravocrata – sou absolutamente livre em Cristo (Paulo aos coríntios repete esta verdade em dois lugares: 1Co 6:12 e 10:23). Então, fazendo uso de tal liberdade, eu me entrego voluntariamente àquele que produz a jaca, com seus cheiros, seus sabores, suas carnes e caroços, deixando-me ser controlado prazerosamente por ele e me entregando para que ele me faça repleto de tudo isso e muito mais.
Autocontrole espiritual é toda a minha vida, história e vontade impregnada por tudo o que é espiritualmente divino; é deixar consciente e propositadamente que cada aspecto de meu ser seja tomado pela jaca do Espírito. Que assim seja eu.
Creio que não é por acaso que Paulo deixa este bago para o fim. Depois de degustar cada um dos anteriores, coroo o carisma da fruta em mim assumindo-me deixar o meu controle sob a tutela daquele que me transforma de glória em glória (palavras de 2Co 3:18).
Que Deus nos dê a santa temperança e domínio de nossa vida em colocá-la no seu bendito controle. Para a glória dele somente.
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