terça-feira, 27 de novembro de 2018

Três perspectivas sobre a religião – KARL MARX


O segundo pensador é Karl Marx (1818-1883). Nascido na Prússia, viveu a maior parte de sua vida em Londres. Foi filósofo, sociólogo, jornalista e considerado um revolucionário socialista. Sua principal obra foi O Capital (em alemão: Das Kapital), um conjunto de livros (sendo o primeiro de 1867) onde faz uma análise crítica do capitalismo que conheceu.
Dos três pensadores, com precisão, Marx é o que menos se ocupada do tema da religião, tanto por não lhe dedicar uma obra exclusiva de análise do tema, como por considerá-la apenas como mais um aspecto no sistema de luta de classes que determina e delimita a própria vivência social. Além de que, de modo geral, ele via a religião como algo completamente desnecessário, quando a sociedade finalmente superasse a dialética da luta de classes, o que a levaria a ser obsoleta e extinta.
A citação clássica e mais conhecida de Marx sobre o tema da religião – muitas vezes referida completamente fora de contexto e depredada da compreensão completa – é retirada da obra Crítica da Filosofia do Direito de Hegel, publicada em 1884. Ele diz:

A angústia religiosa é, por um lado, a expressão da angústia real e, por outro, o protesto contra a angústia real. A religião é o suspiro da criatura oprimida, a alma de um mundo sem coração, tal como é o espírito de condições sociais, de que o espírito está excluído. Ela é o opium do povo.

E aqui duas observações precisam ser colocadas. Primeiramente que na interpretação de Marx sobre a religião, ele deixa claro: na relação entre infraestrutura e superestrutura social que movem e são movidas pela luta de classe em qualquer sociedade, a religião pode aparecer apenas como elemento legitimador das estruturas de dominação forjando o espírito subalterno e resiliente das classes trabalhadoras.
Em segundo, que a religião também pode funcionar como o combustível incentivador para que a criatura oprimida se lance à batalha de transformação histórica e social, num protesto contundente e consequente.
Nesse sentido, partindo das ideias de Marx, a religião pode apresentar respostas para o ser humano contextualizado neste tempo, tanto entorpecendo sua angústia – fornecendo um escape necessário à sobrevivência social e à sanidade – quanto oferendo horizontes utópicos pelos quais realmente valeria a pena lutar.

Leia ainda sobre Émile Durkheim e Max Weber.


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